quarta-feira, 1 de junho de 2011

A falência da segurança pública

A polícia apresenta suas armas: escudos, cassetetes, pistolas, viaturas e brasões... Mas estas são poucas e ineficazes para resolver os problemas de segurança pública de capitais como Cuiabá. Uma cidade de população heterogenea formada por egressos de vários estados da federação e de países fronteiriços onde a produção e o tráfico de drogas são emergentes e contribuem para a desagregação social dos vizinhos.

É sabido que na capital mato-grossense a venda e o consumo de pasta base de cocaína vinda da Bolívia crescem a cada dia. Menores estão dando suas vidas em troca de migalhas salvaguardando os verdadeiros traficantes. As polícias nada podem fazer com seus 'instrumentos de guerrilha' porque as leis impedem a penalização de menores e usuários. Portanto, os malfeitores se aproveitam das regras, enriquecem, se safam e destróem a infância, a juventude e as famílias sem qualquer culpa. Enquanto houver consumidores haverá tráfico.

Políticas de aproximação das polícias, dos organismos de segurança pública, das organizações sociais, ONGs e OCIPs com a sociedade talvez sejam a melhor saída, visto que informação e apoio social e psicólógico sempre surtem bons resultados. Fóruns envolvendo todos estes atores sociais para discutir problemas e propor soluções devem ser criados com maior intensidade e na velocidade que o problema cobra.

Em Cuiabá, estão reunidos os tomadores de decisões e parte dos envolvidos no problema visando a criação da nova política de segurança pública a ser implementada entre os anos de 2012 e 2015, e que deverá ser inserida na LOA e no PPA. Mas isso não basta.

A violência também começa quando aparecem fantasmas como a falta de educação, cultura, lazer, trabalho e emprego. O jovem que não estuda preenche o tempo livre nas ruas, com más companhias e informações vis que o levam ao ganho de capital fácil e a ilusória sensação de poder e impunidade. O pai de família desempregado, sem qualificação e à margem da sociedade, também corre o risco de buscar neste universo cruel o pão de cada dia. Quando isso acontece e ele por ventura é apanhado, cai dentro de um sistema reeducador falido que ao invés de recuperar o cidadão o transforma num marginal cada vez mais nocivo a sociedade.

Segurança pública se faz com política social justa, polícias cidadãs, policiamento comunitário, trabalho e renda; educação, esporte, cultura e lazer. Enfim, oportunidades! Experimentemos pegar um 'moleque' de cinco anos e oferecer a ele estudo de qualidade, acesso aos canais de cultura, lazer, entretenimento; bons livros, cursos de aperfeiçoamento cultural e informação. Aos 17 anos, certamente o veremos disputar vagas nas melhores universidades do país. Aos 22, 23, recebendo seu canudo e aos 25 ingressando em um curso de especialização profissional que melhor lhe convier ao invés de neste mesmo período vermos sua família chorar sobre uma lápide onde jaz um ex-moleque de rua à hora marginal morto.