quarta-feira, 9 de junho de 2010

Menores no crime: uma escolha social


De quem é a responsabilidade por evitar o envolvimento de menores com o crime? Da sociedade, das polícias, do poder judiciário, do ministério público ou da própria família? Uma pergunta difícil de responder, já que cabe a toda sociedade organizada cuidar de seus meninos e meninas. A garantia de acesso a moradia, alimentação, educação, esporte, cultura, carinho, educação e respeito deve ser pactuada.

Os primeiros gestos, toques, palavras e cuidados que vão impregnar a mente da criança devem partir da família. São eles que vão determinar as regras de convívio e moldar o comportamento, a expressão e o respeito próprio e ao próximo. De nada adiantará dizer o que é certo ou errado se dentro de casa houver agressões verbais ou físicas. Se a prostituição do corpo ou das ideias forem comuns. Se a corrupção for a estratégia para o crescimento financeiro familiar. Se a banalização das instituições fizer parte do dia-a-dia.

Se quisermos evitar que nossos jovens encontrem no crime um meio de vida ou amparo social precisaremos resgatar a família, desenvolver a cidadania e a democracia social. Forjar o caráter na ética e na hombridade a fim de que estejam preparados para dizer não às ofertas vis que o mundo aponta. Perceber que as conversas e brincadeiras em família ou entre amigos entretém muito mais que programas de TV ou vídeos de origem duvidosa expostos nas mídias/redes sociais. Não há outra escolha: só a educação livra o homem do crime.

Neste contexto, também precisamos cobrar do estado que assuma suas responsabilidades e garanta educação formal, saúde, trabalho, poder de compra e segurança pública. Da sociedade, o acompanhamento constante dos atos praticados por seus representantes legitimamente eleitos e a denúncia de cada ato de corrupção.  Do ministério público que investigue as denúncias e as comunique ao judiciário que tem a obrigação de punir todo e qualquer infrator com o rigor da lei sem se importar com classe social, grau de parentesco, cor da pele ou nível de escolaridade.

Precisamos de um ambiente limpo, democrático, próspero e de oportunidades iguais para todos. Só assim será possível colocar ponto final na corrupção e no banditismo que têm assolado o país e nos deixado viver esta constante sensação impotência perante as injustiças sociais e à insegurança pública. A formação de trabalhadores é responsabilidade da família e do estado. A criação de delinquentes e bandidos também. Cabe a cada um de nós escolher o melhor método para definir a sociedade em que queremos viver.

Um comentário:

  1. Contudo,querido amigo, as coisas, hoje, são mais ou menos assim...


    Conjugando desigualdade


    Nos é ensinado assim:

    Eu sou a autoridade e com a minha pistola na mão digo que
    Tu é vagabundo, pivete, semente do mal, fa-ve-la-do do caralho! Ele sim, tu tá veno?
    Ele é trabalhador. Homem bom. Deu emprego pra muita gente ai, na eleição passada.
    Nós somos cidadãos de bem. Guardiões da moral e da ordem. Não somos como vocês: baderneiros, barulhentos, dançadores de funk... Música do inferno.
    “- Cabo Silva, pode levar esses merda ai tudo. São tudo bandido e acabo”.

    O presente é indicativo da intolerância
    Do preconceito radicado em nossa cultura
    Num pretérito imperfeito da nossa história.
    História que nos ensina a conjugar adjetivos
    Malditos
    De realidades que queremos,
    Mas que não sabemos
    Ao certo
    Como comutar
    Ou não queremos... Não sei.
    É que alguns de nós
    Dos seres periféricos
    Deixaram-se vender sem perceber
    E apesar de crerem estar normativamente
    Errada a forma como nos é imposto
    O breviário das coisas dos nossos dias
    Repetem em alta voz
    O discurso alheio,
    O do “cidadão de bem”;
    Ainda que a estranheza dessa fala
    Corroa-lhe por dentro.
    O futuro do nosso presente
    Apenas se tornará um simples
    Presente perfeito
    Composto, dentre outras coisas,
    De igualdades de direitos
    Quando, enfim,
    Aprendermos a conjugar o verbo
    Lutar!
    Enquanto isso,
    Qualquer devagar
    Não passará mais que
    Um suspirar poético de um pensar
    Antigo e fresco
    Do insistente querer de justiça.
    Nada mais.



    Adriana Kairos

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