quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Marketing Político e Comunicação de Marketing



A proposta oficial do marketing designa a esta poderosa ferramenta administrativa a obrigatoriedade da criação de necessidades dentro de um determinado mercado. Cabe então, a descoberta dos valores/produtos/serviços que os consumidores desejam ou vão passar a desejar a partir da influência oportunizada pela mensagem publicitária.

Costumo dizer que se observada de forma pragmática a palavra Marketing assume sua tradução literal: mercado. Pode-se, então, afirmar que Marketing é o estudo do mercado. É uma ferramenta administrativa que possibilita a observação de tendências e a criação de novas oportunidades de consumo visando à satisfação do cliente e respondendo aos objetivos financeiros e mercadológicos das empresas de produção ou prestação de serviços.

Philip Kotler vai além, para ele "marketing é a atividade humana dirigida à satisfação das necessidades e desejos através de um processo de troca”. Por tanto, aplicar esta teoria em campanhas políticas pode tornar o jogo mais interessante, apimentado e sagaz. Fazer o eleitor perceber que numa proposta partidária mais vale as novas idéias que às críticas ao trabalho antecessor pode ser uma agradável tarefa para marqueteiros que vislumbram um lugar ao sol nas próximas eleições.

Campanhas políticas necessitam de uma gama de informações dedicadas a cada passo, palavra, gesto e ação dos candidatos. Grande parte deles não conhece o produto que está oferecendo, a idéia transmitida em seus discursos ou a resposta dos eleitores às suas propostas. Cabe aos profissionais de marketing a filtragem destes dados e informações e o repasse a seus clientes. É preciso estar alerta: todo político é absurdamente cortejado e isso pode ser o primeiro passo à derrocada de todo o trabalho. Paparicos demasiados vindos de assessores e pares partidários massageiam o ego e cegam o competidor. Opor-se ao cliente, nesse caso, é uma necessidade profissional porque o objetivo é a vitória nas urnas e não o título de “belo”.

Em marketing político, a comunicação é como uma droga: em doses adequadas é medicamento, mas se demasiadamente utilizada torna-se um veneno fatal. Tomar a palavra a todo o momento banaliza a imagem do político. É preciso saber a hora certa de falar e sempre o que dizer. Antecipar-se ao entendimento do eleitor é a saída. O discurso correto traz nas entrelinhas tudo àquilo que o votante quer e precisa ouvir. O segredo da boa comunicação está nos detalhes e na oratória moderada. A época das acusações e apelações politiqueiras ficou para trás.

Modernas campanhas eleitorais são multidisciplinares e envolvem profissionais de diversas áreas das ciências sociais e humanas aplicadas: antropologia, sociologia, política, economia, administração e comunicação social. Não existe mais espaço para improvisos baseados em intuição ou acordos políticos. A era do candidato centralizador de poder virou história. Tome como exemplo a vencedora campanha de Hillary Clinton ao senado americano após os escândalos sexuais que quase abalaram o segundo mandado de seu marido Bill Clinton, na Casa Branca. O que era para desmoralizar a imagem política da família, tornou-se trunfo quando "a família" foi posta em primeiro lugar com o perdão da esposa. Acompanhe algumas dicas e se torne um vencedor nas urnas.

ONDE O VOTO É MARKETING?

O voto é influenciado por três componentes distintos: ideológico, político e eleitoral.
  • Político - firmado de forma direta, numa relação pessoal entre candidato e eleitor. Em cidades pequenas esse fator é grande e chega a 80% da motivação dos votos.
  • Ideológico - influencia apenas uma pequena parcela dos eleitores. O discurso de esquerda, de direita, do socialismo ou liberalismo afeta pouco mais de 5% do eleitorado, atingindo o máximo de 10% no mercado nacional.
  • Eleitoral - representa o esforço concentrado de conquista do eleitor, é o campo de atuação do marketing político. Sua influência cresce com o tamanho do universo eleitoral. Chega a atingir até 70% das decisões de voto.

MARKETING POLÍTICO x MARKETING ELEITORAL
  • O marketing político está relacionado com a formação da imagem a longo prazo. É utilizado por pessoas e políticos que desejam projetar-se publicamente.
  • Já o marketing eleitoral é de curto prazo. As estratégias e as táticas de comunicação são montadas em cima de um ambiente vivo, já existente, em andamento e não de um ambiente criado.

O MERCADO ELEITORAL COMPETITIVO

O mercado eleitoral competitivo é composto por dois agentes básicos: candidato e eleitores. O candidato deseja do eleitor informação e voto. Informação para poder criar programas de atuação política e o voto para chegar ao poder e desenvolver o seu programa. Por outro lado o eleitor deseja do candidato uma boa comunicação e o cumprimento das propostas e dos favores.


O ELEITOR

Um dos problemas mais clássicos da ciência política é estudar e determinar o padrão de comportamento dos eleitores. Como ele pensa e decide o seu voto? Existe algum motivo para a escolha do seu candidato, quais aspectos que padronizam essa escolha? No Brasil, através de alguns estudos realizados sobre o comportamento do eleitor, chegou-se a um consenso de que existem três leis fundamentais de posicionamento do eleitor, são elas:
  • Lei da Indiferença: Onde o eleitor ao entrar na cabine eleitoral põe fim a um difícil processo de tomada de decisão. Nessa hora ele se lembra de Pelé, de Sílvio Santos, do macaco Tião e de outras personalidades de forte presença em sua mente, menos nos candidatos, porque para ele, é tudo igual, é indiferente votar nesse ou naquele candidato.
  • Lei da Procrastinação: Representa o máximo adiamento. Sempre que pode, o eleitor adia sua decisão de voto para o período mais próximo da eleição. Cerca de 90% das pessoas ao dirigir-se a cabine eleitoral já tem o seu candidato consolidado, mas 10% ainda entram para votar com muita dúvida; são os procrastinadores. Cuidado: esses eleitores podem decidir uma campanha mais acirrada.
  • Lei da efemeridade: As idéias e aspirações da sociedade obedecem a um ciclo de vida determinado: corrupção, ecologia, violência, etc. A lei da efemeridade trata dos ciclos das idéias e aspirações; onde elas nascem, crescem, se desenvolvem, desgastam-se e desaparecem. Defender uma causa ou uma idéia num momento em que o mundo inteiro não fala mais no assunto, como, por exemplo, a unificação econômica das Américas, é tornar-se retrógrado e ultrapassado já que o combate à fome e a violência é o assunto das rodas sociais.

O CANDIDATO

O candidato é o elo entre as causas públicas e o eleitor. É a primeira vitrine dos partidos, das ideologias, das estratégias de marketing e de seus ideais. Nele está representado todo o conteúdo eleitoral: um amplo contexto entre partido, ideologia, vida e participação social. Os fatores que compõem um candidato são:
  • Potencial próprio: sua capacidade de liderança, habilidades, comunicação, capacidade de discurso e carisma;
  • Fatores Internos de pressão: grupo político (partido ou facção) e grupo de financiamento;
  • Fatores Externos de pressão: eleitores e adversários.

COMUNICAÇÃO

Cada dia que se passa às pessoas são bombardeadas por milhões de informações e estímulos e, é claro, não conseguem processar e reter todas as informações. A mente simplifica o que é recebido aceitando apenas aquilo que interessa. A arte de se fazer ouvir, comunicar e persuadir é o caminho mais rápido para tocar o eleitor. A pirâmide de Maslow, por exemplo, mostra que as reações humanas aos estímulos são determinadas basicamente pelas necessidades básicas (fisiológicas) chegando às mais elevadas (auto-realização).

A mídia eletrônica, por sua onipresença e seu poder de influência, talvez seja o melhor canal de estímulo de massa. Sua linguagem se aproxima do cotidiano das pessoas de forma simples e direta. Sem pedir licença ou ser convidado, um candidato invade a sala de estar dos eleitores é tem sua melhor chance de persuasão. Nessa hora, equilíbrio e a moderação são indispensáveis.


PESQUISAS

Para Maquiavel “a realidade é como é, não como gostaríamos que ela fosse”. Portanto, fica clara a importância da pesquisa na vida do candidato e mais ainda na vida do eleitor. Os fatores de maior relevância a serem apurados são: a imagem do candidato, sua trajetória política, carisma e empatia com o eleitor, programa de governo e sua principal meta, a profissão exercida, seu partido político, apoiadores e o grupo social em que está inserido ou se identifica.

Na eleição, como na guerra, grande parte das batalhas é decidida em tempos de paz. A preparação da campanha inicia-se com a avaliação do eleitorado, do potencial eleitoral do candidato e de seus prováveis inimigos. Devemos, então, tomar como ferramentas três tipos de pesquisas aplicáveis ao marketing político objetivando avaliar o eleitorado:
  • Pesquisas de opinião pública procuram mensurar o conhecimento da população sobre determinados assuntos como ecologia, privatização, AIDS, economia, política, área social e etc.
  • Pesquisas de acompanhamento e desempenho administrativo levantam os principais problemas da população, avaliam o desempenho dos governantes, aferem a imagem administrativa, o grau de conhecimento dos projetos e das obras realizadas e o grau de satisfação com os serviços públicos.
  • Pesquisas eleitorais, por sua vez, procuram detectar as intenções de voto do eleitor a cada momento, aferindo o potencial de adesão ou rejeição a cada candidato.

PRINCÍPIOS ESTRATÉGICOS
  • Mantenha sempre um trunfo contra seus inimigos e saiba quando deve ser acionado;
  • Conheça o que pensa o eleitor, antes de partir para a sua conquista;
  • A melhor forma de conquistar a mente a mente do eleitor é ser primeiro a chegar;
  • Não basta ter o perfil desejado pela população, é preciso associar sua imagem a ele antes dos adversários;
  • Trabalhe na linha de menor resistência ao posicionamento na mente do eleitor;
  • Procure maximizar os pontos favoráveis e minimizar as falhas, se possível convertendo-se em virtudes;
  • Procure antecipar o ciclo de idéias e aspirações que predominará no momento da eleição;
  • O eleitor sempre associará o candidato a continuidade ou mudança. Compatibilize sua imagem com a tendência predominante, respeitando os limites impostos por sua personalidade;
  • Concentre seu discurso na valorização e unidade do partido;
  • Convenção é sinal de força. Se for conveniente, antecipe a convenção;
  • Concentre forças no seu principal inimigo, não desperdice munição atirando para todos os lados;
  • Procure sempre antecipar-se aos movimentos de adversários que possam ameaçar sua posição antes que seja preciso reagir;
  • Confirme os defeitos do inimigo junto ao eleitorado. Ataque nesse ponto.
  • Procure demonstrar incoerência entre o discurso do candidato e seu passado;
  • Utilize a força de liderança para eliminar as possibilidades de reação do inimigo;
  • Redirecione forças para os segmentos que apresentam maior potencial de votos;
  • Se a polarização é inevitável, procure levar seu adversário para o campo que lhe seja mais favorável;
Fonte: VOTO É MARKETING, O RESTO É POLÍTICA. SEQÜELA, Jacques. Edições Loyola

MARKETING POLÍTICO PERMANENTE

O político eficiente tem na “comunicação” seu amuleto de sorte. Um problema resolvido não apresenta muito benefício à imagem do político, se não for adequadamente divulgado. Se o político se omite, não comunica, em determinadas ocasiões, ele deixa espaço para o crescimento da oposição e, conseqüentemente, para versões distorcidas de seus opositores.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RIO 2016: a olimpíada é nossa!!!!


Centenas de cariocas na praia de Copacabana. Foto: Agência EFE

Como jornalista e bom carioca que sou não poderia deixar de comentar minha satisfação com a escolha da nossa Cidade Maravilhosa para sediar as Olimpíadas 2016. Depois de tantas e frustradas tentativas, finalmente vencemos esta importante disputa desportiva.

Apresentarmos ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e a todo o mundo know-how, mas, sobretudo, vontade popular para fazer decolar esta festa. Vencemos por 34 votos a segunda colocada Madri depois de uma apertada disputa. Mas o descarte das outras duas concorrentes finais, Chicago e Tóquio, logo no início do dia, nos abriu as portas para a vitória. Coube aos espanhóis a grata satisfação por seus 32 votos que os inspirarão à disputa pelos jogos de 2020.

A vitória não foi fácil. Madri ganhou a primeira votação, com 28 votos; contra 26 do Rio. Tóquio teve 22 e Chicago 18. Na segunda etapa, a Espanha ganhou apenas mais um voto. Foram 46 votos 'cariocas' contra 29 de Madri e apenas 20 para Tóquio, o que deixou os japoneses fora da disputa. O placar final - 66 x 32 - confirma o favoritismo brasileiro e dá a dimensão da responsabilidade que a cidade e o País têm.

A partir de agora o Brasil tem exatos 6 anos e 24 dias de trabalho para deixar o Rio de Janeiro capaz de representar com dignidade a América do Sul nestes jogos olímpicos da era moderna. Será preciso superar os problemas relacionados à segurança, transporte e acomodação de atletas, técnicos, jornalistas, etc., que quase levaram nossa candidatura para o ralo.

Resta confiar no empenho dos governos nacional, estadual e municipal na direção dos trabalhos e na alegria e boa vontade do carioca em ajudar nossa cidade a fazer a melhor festa esportiva de todos os tempos. Avante RIO, sou sempre MAIS VOCÊ!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Jornalismo 2.0



O jornalismo 2.0 é novo e como tudo o que nasce traz o frescor da mudança, com promessas de prosperidade e muitas incertezas. Dizer que sabemos onde essa onda gigante vai desembarcar é chover no molhado. É bom admitir logo: somos ignorantes!

Mesmo assim, podemos vislumbrar, imaginar, conhecer e principalmente deixar o novo chegar e derrubar nossas certezas. Ninguém é dono dessa verdade. O conhecimento agora é de domínio publico, não pertence a ninguém e ao mesmo tempo é de todos nós!

Esta CARTA DIGITAL DE ITU pretende alinhavar princípios, organizar conceitos, coletar experiências, fomentar idéias e propor um caminho colaborativo que, assim como o jornalismo 2.0, está sempre vivo e em constante mudança.

Elaboramos, portanto, as primeiras palavras e intenções. Uma pedra fundamental, não a verdade absoluta. Queremos inspirar em vez de ditar regras. Até porque estamos falando de um novo mundo, do qual alcançamos uma pequena parte. Há muito ainda para ser mapeado e inúmeras questões para serem resolvidas. A palavra jornalismo pode ser a mesma, mas seus significados são radicalmente diferentes. E vamos aprendendo enquanto navegamos!

Princípios & Conceitos

- Autoria colaborativa: é feito por todos e para todos. Um parágrafo escrito por você pode ser linkado e relacionado a outras pessoas, conceitos e páginas, incorporando dezenas ou centenas de autores.

- Perenidade: a notícia não morre, os fatos nunca estão consumados, estão sempre vivos.

- Não precisa de grandes corporações intermediárias: pode acontecer de cidadão para cidadão

- Exige uma mudança de atitude: menos poder e mais talento

- Está apoiado mais nos relacionamentos do que nos conteúdos: quem tem uma boa rede vai mais longe.

- Interação direta com o leitor: quem me lê não está lá, está aqui!

- Interatividade: um jornalismo que interage 24 horas por dia com as mídias, pessoas e conteúdos relacionados.

- Humanidade: em vez de “usar fontes”, interage com pessoas.

- Conexão: um jornalista 2.0 não está mais sozinho; tem a rede junto com ele.

- One-to-One: esqueça respostas padrões ou automáticas.

- Velocidade: tempo real na rede.

- Poder descentralizado: o detentor da informação se transforma em divulgador da informação.

- Afinidade: não temos mais reféns, temos fãs!

- Ética: liberdade pede mais responsabilidade. O jornalista 2.0 tem o poder da escolha.

- Profundidade: a informação é de domínio público. A qualidade da informação depende de cada um.

- Aprendiz: o jornalismo 2.0 é aprendiz em sua essência.

- Desapego: é mais saudável compartilhar do que dominar.

- Pensamento hiperlinkado: diferenciando o essencial do periférico.

- Descompressão: A informação não precisa mais ser comprimida. Ela se torna ampliada e ampliável.

Tags do Jornalismo 2.0

fórum – posts – depoimentos – comunidades – rede social – mídia social – mural – links – hipermídia – chat – twitter – coletivo - tag feeds – RSS – indexação – Ajax – Mashup – mente aberta - UGC podcast – dowload – fórum - Meme - blogesfera – blog – sms

Esta carta foi produzida no evento Jornalismo 2.0 em Itu, com a coordenação e edição de Deborah Dubner e participação de: Alan Dubner, Anicleide Zequini, Armênio Guedes, Cadu Lemos, Camila Bertolazzi, Carlos Piazza, Deborah Dubner, Fabio Steinberg, José Marcio Mendonça, Manoel Fernandes, Marcelo Coutinho, Mylton Ottoni, Olga Sodré, Pollyana Ferrari, Roberto Mayer, Rodrigo Azevedo e Rodrigo Tomba. Fotos: Valéria Bertolazzi / www.itu.com.br

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Treinamento antigafe



Por Vinícius Queiroz Galvão

O novo foco em formação profissional vai além do tradicional curso de atualização. Cada vez mais preocupadas com a imagem, empresas de diversos ramos - e até o governo - têm investido no "media training", que ensina os profissionais a lidarem com a imprensa e a se sairem bem em entrevistas.

O jornalista Nélson Lemos, que trabalha com "media training" e já treinou alguns ministrosA nova aposta pretende evitar situações de saia justa como a provocada pelo ministro José Graziano (Segurança Alimentar), que, em fevereiro, vinculou a violência urbana em São Paulo à migração de nordestinos. "Temos de criar emprego lá, temos de gerar oportunidade de educação lá, temos de gerar cidadania lá, porque se eles continuarem vindo pra cá, nós vamos ter de continuar andando de carro blindado", afirmou na época.

As Câmaras Municipais de Recife e de Fortaleza aprovaram moções de repúdio contra o ministro, considerando-o persona non grata. O Senado chegou a pôr na pauta de votação uma reprimenda a Graziano, que acabou sendo retirada.O Planalto, então, criou uma divisão de "media training" só para habilitar ministros e funcionários do alto escalão a darem entrevistas. "O 'media training' é importante e ajuda a criar um melhor diálogo com a imprensa", diz Graziano, um dos primeiros a serem treinados no governo.

Não foi só o governo que esteve nas páginas dos jornais pela saia justa causada por erro na comunicação. O time do Palmeiras passou por um mal-estar em junho, quando os jogadores ficaram dias sem falar com a imprensa, depois de alguns atletas terem negado as declarações de insatisfação com o técnico Jair Picerni que tinham sido publicadas.

Segundo as assessorias de imprensa, o principal objetivo do "media training" é preparar as pessoas para o relacionamento com a mídia."Da mesma forma que as pessoas se preparam para reuniões e apresentações de negócios, também devem se preparar para dar uma entrevista. O executivo tem de saber como lidar com a frustração de, depois de dar uma entrevista de uma hora, não ler o resultado desejado no dia seguinte", diz a jornalista Ana Julião, cuja assessoria já treinou profissionais de organizações como Bradesco Seguros, AmBev, Telefônica Celular e Petrobras.

Uma pesquisa da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) revela que as cem maiores empresas brasileiras já fizeram "media training" com seus diretores. "Hoje, uma empresa e seus representantes não podem ser analfabetos em comunicação. Existe uma necessidade cada vez maior de as pessoas se habilitarem nessa área", diz Paulo Nassar, diretor-executivo da Aberje.

"Já trabalhei com diretores de empresas que criavam dificuldades para se relacionarem com a imprensa e hoje compreendem a importância de ter um bom relacionamento", diz o jornalista Nélson Lemos, que treinou os ministros José Graziano, Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Jaques Wagner (Trabalho e Emprego).As empresas chegam a pagar R$ 20 mil por um dia de curso para até cinco pessoas, investimento que inclui treinamento com repórteres em atividade em telejornais, com direito a estúdio e cinegrafista.

O "media training", no entanto, não ensina apenas a falar com poder de síntese ou a olhar diretamente para a câmera. O conteúdo dos cursos ensina truques para conduzir uma entrevista e indica como agir diante dos repórteres e como usar estatísticas e gráficos como dados, entre outros temas. Os treinamentos sempre têm exercícios práticos, em que se fazem simulações de entrevistas."Hoje, podemos dizer que nossos porta-vozes estão preparados para qualquer entrevista, além de serem mais didáticos, já que nosso negócio — mercado de satélites — é muito específico", afirma Cláudio Baptista, gerente de marketing da Star One, empresa de telecomunicação do grupo Embratel.

O "media training" não se restringe a corporações. A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) distribui para seus profissionais uma cartilha com dicas para que professores e médicos possam ter um bom relacionamento com a imprensa. Ironicamente intitulado de "Corra que a Imprensa Vem Aí", o manual aponta gafes cometidas e dá dicas sobre a melhor forma de atender um repórter.

Hospitais também aderiram ao treinamento. "O 'media training' foi importante para compreender que as informações devem ser passadas da forma mais leiga possível, concisa e pontual, pois o público em geral nem sempre entende os termos técnicos que nós usamos", diz o médico José Antônio de Lima, diretor do Hospital Samaritano.Para o jornalista e crítico de comunicação Alberto Dines, o "media training" quer se aproveitar das falhas da mídia. "O que eles querem é ensinar as empresas e o governo a tirarem proveito das deficiências e das mazelas da imprensa", diz.

Mayra Rodrigues Gomes, professora de ética e filosofia da linguagem do Departamento de Jornalismo da USP, concorda em parte. Mas também defende o treinamento. "Há jogada de mercado, eu concordo. Mas tem utilidade para o executivo se forem mostradas estratégias que são constantes, jogos de linguagem com que seja possível interferir na significação e, portanto, direcionar a leitura para um lado ou outro", afirma
.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jornalismo com Ética



Pensar a ética jornalística no dia-a-dia das redações é antes de tudo cobrar do repórter responsabilidade na apuração e redação dos fatos. Definir o que é notícia e mostrá-la de forma verdadeira e clara, deixando de lado todas as convicções partidárias à pauta para refletir no texto apenas o que foi apurado in loco. Caso esta regra clássica não possa ser cumprida é melhor deixar a pena de lado e a matéria apenas na cabeça de quem a pensou. No jornalismo ético só há lugar para opiniões em colunas, artigos e editoriais.

No livro “A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística”, Nilson Lage mostra os efeitos colaterais da “parcialidade” no jornalismo. “Quando os militares autorizaram a instalação de empresas de seguro-saúde no Brasil, a Golden Cross montou um setor de atendimento aos jornalistas de onde partiam denúncias contra os hospitais públicos. Julgando estar prestando um serviço e combatendo a ditadura, vários jornalistas acabaram ajudando a empresa naquele início difícil dos “negócios” quando o atendimento público de saúde ainda tinha uma imagem boa.”

Outro caso que precisa ser analisado sob o ponto de vista ético é a entrevista concedida pelo jornalista Dan Rather, principal âncora da rede americana de televisão CBS, ao programa de David Letterman (26/01/01). Enquanto falava sobre os atentados terroristas de 11 de sentembro, quando Bin Ladem ordenou a destruição das torres gêmeas (World Trade Center) e do Pentágono, Rather chorou três vezes e se colocou a disposição do então presidente dos EUA George Bush: “Como americano, ele terá o que quer de mim.” O que dizer desta postura?

Já o jornalista Robert Fisk, um dos mais respeitados correspondentes no Oriente Médio, resenhou: “O mundo será levado a acreditar nos próximos dias que presenciamos uma luta da democracia contra o terrorismo; na verdade, os atentados têm muito a ver também com mísseis americanos caindo sobre lares palestinos; com helicópteros americanos jogando mísseis em uma ambulância libanesa em 1996; e com uma milícia libanesa – paga e uniformizada por Israel, o fiel aliado americano – cortando, estuprando e matando refugiados em seu caminho. E com muito mais”.

Todo repórter/redator/editor que respeita a si e a profissão que abraçou precisa ser analítico. Não pode comprar "meias verdades" e nem acreditar em “embalagens”. Tem que investigar a fundo toda e qualquer informação. Uma pauta só é resolvida quando todos os porquês são respondidos de forma satisfatória e não há mais dúvidas no ar. Isso é jornalismo ético e sério.

Luiz Garcia, editor de opinião do jornal O Globo, ensina: “Um homem público acusa outro de um delito qualquer. E temos a infantil ingenuidade de achar que o problema se resolve ouvindo o outro lado. Fulano diz que Beltrano é ladrão de galinhas – e Beltrano nega. É uma postura preguiçosa, que contribui para a impressão de que a imprensa brasileira é viciada em denuncismo. Nossa obrigação não é simplesmente ouvir os dois lados, e sim apurar o que há de verdade na história. Inclusive, se for o caso, para concluir que não há história”.

“O senhor não chamou o meu procedimento de desumano, pelo contrário, de acordo com sua percepção mais profunda, o senhor o considera o mais humano, o mais digno de todos, o senhor também admira este maquinismo”, diz o personagem de Franz Kafka (Na Colônia Penal), ao visitante encarregado de opinar sobre o cruel sistema de punição ao condenado sem qualquer direito de defesa.

É hipocrisia criar uma ética particular para justificar qualquer ato de nosso interesse. Segundo Maquiavel, “é ético o que interessa ao bem comum e não o que interessa meramente ao príncipe”. Acredito ser esta a linha mestre a ser seguida nas redações. Ética, honestidade e trabalho sério “não devem ser adjetivos ou penduricalhos gramaticais na vida do profissional de comunicação”, mas prática diária do jornalista.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Assessoria de Imprensa

Os Estados Unidos talvez sejam o país que mais investe em assessoria de imprensa governamental. Há um verdadeiro aparato técnico-profissional para informar o que faz o governo: quais suas idéias, projetos e ações, bem como para reafirmar seu poder e corrigir erros e distorções na comunicação externa. Veja como funciona esta importante engrenagem.

"Distribuíamos textos sobre tudo", diz a ex-secretária de imprensa da Casa Branca Dee Dee Myers. Durante o primeiro mandato do presidente Bill Clinton, continua ela, a assessoria de imprensa da Casa Branca distribuía aos repórteres não apenas textos de discursos, resoluções e coletivas de imprensa como também press releases, informativos, informações de referência sobre políticas, notas à imprensa sobre novos eventos, resumos de discursos e documentos políticos, análises dos pontos mais importantes de um documento e assim por diante.

"Repórteres são pessoas ocupadas, principalmente aqueles que cobrem chefes de Estado e outros líderes de governo", explica ela. "O volume de material que eles têm de cobrir é impressionante." Fornecer material impresso ajuda bastante. Resumir e distribuir material na forma impressa ou on-line significa não precisar depender da compreensão correta de um discurso ou uma declaração. Também proporciona ao porta-voz uma outra oportunidade de reafirmar os pontos principais, diz Myers.

Nos Estados Unidos, sempre que possível, as assessorias de imprensa redigem e distribuem à imprensa, em papel ou pela internet, declarações, políticas, ações e planos. Isso tem várias utilidades:

  • Ajuda as autoridades do governo e os assessores de imprensa a definir claramente o que querem dizer e a refinar sua mensagem.
  • Aumenta as probabilidades de que a mídia entenda as informações corretamente, reduzindo as más interpretações.
  • É algo que os repórteres podem consultar quando estiverem redigindo suas matérias.
  • Evita ter de responder às mesmas perguntas várias vezes porque as informações básicas são fornecidas.
  • Estimula a elaboração de perguntas mais pertinentes, baseadas em fatos, por parte da mídia.
  • Aumenta as chances de que a matéria saia com a ênfase desejada.

Fornecer resumos e análises com uma declaração ou um discurso também possibilita à assessoria de imprensa reafirmar sua interpretação das notícias.

Nos Estados Unidos, as comunicações escritas assumem muitas formas. Além disso, as assessorias de imprensa têm diversas ferramentas - visuais e orais - para se comunicar com o público por meio da imprensa. Algumas das ferramentas de comunicação mais comuns são:

ilustração

Press release, que é redigido como um artigo de jornal e às vezes utilizado como texto de artigos jornalísticos por algumas publicações. Press release é a narrativa de uma notícia em uma ou duas páginas. Deve informar quem, o quê, onde, quando, por quê e como no primeiro parágrafo, como em uma reportagem jornalística. O press release deve seguir o estilo de uma pirâmide invertida, citando as informações por ordem de importância de modo que os editores possam identificar facilmente os fatos principais. A informação-chave corresponde ao topo da pirâmide e as notícias menos importantes, à base.

Nota à imprensa, que é semelhante a um press release, mas preparada para anunciar um evento futuro, de modo que a mídia possa avaliá-lo rapidamente e decidir se deve relatá-lo ou não. A nota à imprensa também deve incluir quem, quando, onde, por quê e como. Deve ocupar apenas uma página.

Informativo ou histórico, que é um press release expandido com informações detalhadas sobre um assunto. Utiliza fatos e estatísticas, mas geralmente não faz citações e é distribuído junto com o press release. Estendendo-se por quatro ou cinco páginas, o informativo ou histórico deve ser fácil de ler e utilizar marcadores ou negritos para cada fato novo.

Ilustrações como fotos, gráficos, quadros e mapas que acompanham os press releases.

Biografia, que é fornecida com o press release. A biografia resume o histórico profissional e as realizações de uma pessoa que está sendo indicada para um novo cargo, apresentando um discurso ou participando de um evento.

Uma lista de especialistas para reforçar sua mensagem. A lista deve incluir nomes e números de telefone.

Outros textos, que podem incluir todos os tipos de material. Na Casa Branca, por exemplo, as transcrições de comentários do presidente e de informes diários do secretário de imprensa e de outros assessores são fornecidas à mídia logo após a realização dos eventos. Resoluções, declarações, anúncios de indicações e nomeações de funcionários, cartas de especialistas ou de associações profissionais em apoio à legislação proposta e outros tipos de correspondência de e para o presidente também são distribuídos diariamente à imprensa.

Clippings, que mostram essencialmente as "boas" reportagens que foram publicadas. Os assessores geralmente tiram cópias de artigos jornalísticos favoráveis a eles e as colocam em kits para a imprensa junto com outros materiais.

Perguntas, que às vezes os assessores fornecem aos repórteres para aguçar seu interesse em um tópico. Também é possível redigir algumas perguntas para os entrevistadores fazerem a um assessor. Perguntas imaginativas despertam a curiosidade.

Kits Press, que contêm vários itens sobre um determinado tópico. Os itens são inseridos em uma pasta que tem dois bolsos internos para guardá-los. No caso da inauguração de uma nova escola, por exemplo, o kit para a imprensa pode incluir:

  • Uma pasta com o logotipo da escola na capa e duas abas internas para guardar material impresso.
  • Uma nota à imprensa com detalhes sobre a hora e o local da inauguração, bem como sobre sua importância.
  • Um press release com detalhes específicos da inauguração, informações gerais e citações de autoridades importantes sobre a escola.
  • Um histórico para a mídia com estatísticas e fatos detalhados, como dados específicos sobre a construção, número de alunos que freqüentarão a escola, etc.
  • Biografia dos oradores do evento.
  • Ilustrações, como fotografias da escola.

Sugestão de pauta, que resume a idéia de uma matéria em um parágrafo e explica por que os leitores - ou expectadores - se interessarão por ela. A sugestão de pauta ou o telefonema fornece detalhes, cita nomes, descreve oportunidades fotográficas e resume o conceito da matéria.

Press releases em vídeo e áudio, que informam quem, o quê, quando, onde, por quê e como, assim como o press release impresso, mas são apresentados como uma reportagem de rádio ou televisão. As emissoras podem usar todo o material ou parte dele em uma matéria jornalística para rádio ou televisão e identificar o material como proveniente de uma fonte de relações públicas. O press release em vídeo deve ser apresentado em trilhas de áudio separadas, com o narrador em uma trilha e os trechos de falas e sons naturais em outra para facilitar a edição do som.

Tecnologia por satélite, que permite reunir-se com a personagem da notícia ou entrevistá-la e transmitir as imagens ou a notícia para as estações de televisão de todo o país. Essa tecnologia proporciona um tour de imprensa sem gastos com viagens nem perda de tempo. Em geral, os especialistas em informação pública gravam um evento e então compram tempo do satélite para transmiti-lo. Para isso, é necessário um estúdio que possa transmitir imagens e sons ao vivo e possa dar aos repórteres da televisão a oportunidade de fazer perguntas por telefone enquanto se grava a autoridade dando as respostas. As estações precisam ser notificadas de quando a transmissão por satélite estará disponível e como acessá-la.

Sonora, que é a gravação em áudio de uma autoridade do governo fazendo uma pequena declaração, como se estivesse em uma entrevista real. Alguns políticos norte-americanos gravam declarações diariamente em horários regulares e as transmitem diretamente aos repórteres ou fornecem a eles o número de uma secretária eletrônica que contém a declaração. Para isso, é necessário um gravador de boa qualidade conectado a um telefone. O material também pode ser colocado na web para transferência por download.

Linha Privada, que pode ser utilizada para gravar a agenda diária de uma autoridade governamental para referência.

Coletivas de imprensa, nas quais os assessores anunciam notícias sobre determinado assunto. Para serem eficazes e dignas de crédito, as notícias devem ser oportunas e genuínas.

Entrevistas, que dão aos assessores uma chance de falar com um repórter, em geral diretamente, e expor suas idéias de uma maneira mais profunda do que em uma coletiva de imprensa.

Conselhos editoriais, que são reuniões entre a personagem da notícia e o editor da página de editorial de um jornal, editorialistas, articulistas e repórteres de seções de notícias para discutir um tópico. As principais redes de televisão e TV a cabo também fazem reuniões similares. O conselho editorial pode dar a uma autoridade governamental a oportunidade de explicar mais claramente suas idéias, o que pode levar a mídia a compreender melhor as políticas do governo e quase sempre resulta em reportagens jornalísticas e editoriais.

Reuniões off the record, nas quais os assessores se reúnem com os repórteres para fornecer informações básicas ou contexto para tópicos de interesse jornalístico.

Artigos e colunas que as personagens das notícias utilizam para expressar suas opiniões. Alguns políticos redigem uma coluna semanal para expressar suas opiniões diretamente para o público.

Discursos, que são utilizados para promover políticas, revelar novos programas, explicar posições e obter consenso. Cópias de discursos são fornecidas à imprensa antecipadamente e enviadas a jornalistas interessados que não podem comparecer a um evento da mídia. Colocar discursos na internet também ajuda. Se possível, ao distribuir um discurso, comece com um resumo do material para dar aos repórteres uma sinopse do tema principal. Guarde sempre uma lista das pessoas para quem o material foi enviado.

Tours de imprensa, que vão além da capital e alcançam a mídia regional. Os tours de imprensa devem fornecer à imprensa local notícias relacionadas com a sua região e explicar como os cidadãos serão afetados pelas políticas do governo.

Features, que contam uma notícia de uma forma mais leve. Os especialistas em informação pública não se baseiam apenas nas seções de notícias importantes da imprensa quando redigem seus artigos, mas usam os features e outras seções também.

Internet, que é um meio de se comunicar diretamente com o público sem o filtro da mídia. A rede também proporciona rápida comunicação com os repórteres. Além disso, a internet possibilita o vai-e-vem de mensagens entre as autoridades governamentais e o público. As assessorias de imprensa podem estabelecer seus próprios boletins eletrônicos locais. A internet tem de tudo: texto, imagens, vídeo e som. As assessorias de imprensa do governo também utilizam a rede para encaminhar os usuários a um grande número de documentos originais on-line. Para ser eficaz, o site precisa ser atualizado com freqüência.

E-mails que incluam endereços eletrônicos de grupos de modo que, com um simples comando do teclado, as informações são facilmente transmitidas para diversas pessoas interessadas.

Fotográfias ou photo ops, que permitem a um assessor tirar uma foto com outros cidadãos, como os ganhadores de um prêmio, para enviar ao jornal da cidade natal dessas pessoas para publicação. Ao tirar uma fotografia e enviar pelo correio, não se esqueça de identificar as pessoas na foto e o evento.

O material disponível para a imprensa pode ser de interesse somente para alguns repórteres. Na sala de imprensa da Casa Branca, por exemplo, os jornalistas normalmente lêem e depois devolvem o press release porque não vêem relação com o que estão cobrindo. Mas é importante que ele esteja disponível para os que desejam e precisam dele.

Como Lidar com a Mídia?

O que fazer

  • Diga a verdade - SEMPRE.
  • Seja honesto e preciso. Sua credibilidade e reputação dependem disso.
  • Reconheça quando não souber a resposta a uma pergunta. Se ofereça para obter a resposta e faça isso o mais rápido que puder.
  • Corrija erros imediatamente. Afirme que não deu uma resposta adequada e que gostaria de esclarecer a confusão.
  • Evite o uso de jargões. Fale em linguagem clara.
  • Suponha que tudo o que fala é on the record.
  • Seja o mais aberto possível com a mídia.
  • Ligue para os jornalistas caso uma matéria incorreta seja publicada. Aponte e comprove o erro educadamente.
  • Mantenha uma lista de realizações. Atualize-a com freqüência. As coisas acontecem com tanta rapidez que você pode esquecer o que você, a autoridade e seu ministério ou o governo realizaram.
  • Sempre retorne as ligações, ou peça que um assistente o faça, a tempo de os jornalistas cumprirem seus prazos.
  • Tente obter as informações que os jornalistas querem, mesmo que isso signifique um esforço extra, como ficar até tarde no trabalho ou entregar o material em mãos.
  • Tenha senso de humor.

"A frustração é quase sempre intrínseca à função", diz o ex-porta-voz da vice-presidência David Beckwith. "A menos que você tenha senso de humor, trata-se, na verdade, de uma atividade cruel."

O que não fazer

  • Não minta - JAMAIS.
  • Não diga "sem comentários" - JAMAIS.
  • Não improvise, não especule e não conjecture. Bons repórteres verificam os fatos. Se você estiver errado, sua credibilidade será destruída.
  • Não tente tornar "off the record" uma informação depois de já prestada.
  • Não deixe de colaborar.
  • Não crie notícias sem ter em mãos as informações necessárias. Não faça um anúncio e depois prepare o press release e os informativos. Se você tiver o material preparado antes de uma coletiva, poderá usar o tempo depois do anúncio para explicá-lo à imprensa.

Corrigindo Erros

Se suas declarações forem distorcidas em uma matéria ou se uma informação errada for dada, tome providências imediatamente. Converse com o jornalista. Não faça ameaças. Tenha fatos para fornecer e considere que tudo que disser para corrigir o erro será on the record. Se não conseguir nada com o jornalista, vá até o editor.

Você pode pedir retratação ou correção de um erro e muitas autoridades fazem isso. Mas outros acham que trazer a questão à tona somente mantém a informação errada no noticiário. Com a internet, no entanto, notícias incorretas podem ser acessadas continuamente. Por essa razão, solicitar uma correção é quase sempre o caminho a seguir. Na verdade, a atitude a ser tomada depende do erro e de sua gravidade. Mas, no mínimo, você deve contactar o jornalista e corrigir a informação errada ou a citação incorreta.

  • Não minta.
  • Não dissimule. Se você mentir ou encobrir um fato, você perde sua credibilidade.
  • Não evite telefonemas de jornalistas.
  • Reconheça o problema
  • Explique como está sendo corrigido.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Escrevendo para Web



Um dia um aluno me perguntou: o que quer dizer webwritter? Fiquei meio atônito, porque poderia dizer, simplesmente, que o termo significa "escrever para web" ou definir quem é este profissional e qual suas funções. Eis aqui uma questão de nomenclatura que pode ser mais complexa do que aparenta à primeira vista. Como definir o nome de sua atividade? Webwriter? Redator de web? Jornalista? Conteudista? Tudo depende, em grande parte, do tipo de serviço que você é capaz de oferecer ao cliente.

Quando um profissional é contratado para administrar todo o conteúdo (jornalístico e publicitário) de um portal é convencionalmente chamado de Editor ou Gerente de Conteúdo. Já o colega que tem a função de correr atrás das últimas notícias continua sendo um repórter do portal para o qual trabalha. Existem ainda aqueles jornalistas incumbidos de produzir textos opinativos - artigos - ou simplesmente de formatar o site utilizando testículos e ícones que facilitem a navegação, como FAQs. Embora divididos em funções, todos podem ser considerados webwritters. Assim sendo, este é mais um caso onde a praticidade supera o preconceito.

Como a profissão ainda é nova, muitos criadores de conteúdo preferem se apresentar simplesmente como redatores, o que não deixa de ser elegante e discreto. O mais importante é que você esteja bem à vontade com a definição que escolher. Porque o nome de sua profissão é tão importante quanto a expectativa depositada nele por você e por seus clientes. Veja o que diz o jornalista Bruno Rodrigues, autor do livro Webwriting.

...Webwritter é o profissional que atua em mídias digitais, tendo como objeto de trabalho não só o texto propriamente dito, mas também toda e qualquer informação textual ou visual que seja veiculada. Sendo assim, sua preocupação não deve estar restrita à precisão, qualidade e criatividade do texto, mas também a questões ligadas à organização e à facilidade de acesso à informação. Tendo em vista atuar em um segmento típico da Era do Conhecimento, necessita adotar uma postura diferenciada em relação aos redatores tradicionais, assumindo um paradigma construtivista, onde promover, instigar e facilitar o diálogo seja uma prioridade constante...

...Também não pode esquecer que nas mídias interativas o poder está todo nas mãos do usuário, o que faz com que seu texto precise assumir sempre uma postura persuasiva. Assim, conhecimentos de marketing são fundamentais para um bom desempenho profissional, bem como intimidade com o meio digital. Conhecimentos de estatística e domínio de softwares de medição de audiência também são importantes...

Dicas para melhorar seu webtexto!

HIPERTEXTO

O grande diferenciador de linguagem na Internet é o hipertexto. Ele cria uma nova sintaxe porque num mesmo texto você pode se remeter à vários outros oferecendo ao leitor uma gama variada de conteúdos.

QUALIDADE

O critério de qualidade do texto vale tanto para a Internet quanto para o papel. Não há linguagem nova que desobrigue o texto de ser bom, legível, compreensível. O texto só ganha vida quando é consumido e entendido pelo leitor.

DIMENSÃO

Um texto para internet tem que ter o tamanho que a informação exigir. Na informação rápida não se pode esquecer de um ponto crucial: o porquê. Quem entra na Internet quer saber o porquê dos fatos. A velocidade não supera a qualidade da informação, tem que ser um "plus". A internet deve funcionar como um banco de dados e não apenas como um veículo de informação.

RACIOCÍNIO

Antes de se sentar ao computador e blablablá, blablablá, pare e pense! Forme um raciocínio. Você não vai escrever direito na web se não pensar direito.

APERFEIÇOAMENTO

A alma do webwriting é a busca de aperfeiçoamento; webwriting é um raciocínio constante de como distribuir informações pelos ambientes digitais. A isso damos o nome de arquitetura da informação: o principal caminho do webwriter no futuro. Não esqueça: se o texto não for persuasivo, adeus! Seja objetivo e agregue boa navegabilidade ao seu conteúdo. Coloque as informações onde o usuário quer encontrá-las.

ROTEIROS

É muito importante conhecer a estrutura de um roteiro, saber contar uma história.

CADÊNCIA

O texto na internet deve ter cadência como uma boa música: envolva o internauta para que ele se sinta atraído a ler a idéia seguinte. É preciso, o tempo todo, estar próximo do leitor, levando em conta que as pessoas navegam de forma intuitiva e não racional. Escreva textos envolventes, soltos, sintéticos; respeite a pontuação e saiba explorar os atributos de uma marca quando seu objetivo for publicitário e não jornalístico. A idéia principal deve estar em evidência logo no começo do texto.

SINTONIA

Quanto às ferramentas de propaganda online, o pop-up, por exemplo, dá muito resultado, mas é preciso respeitar o consumidor, acertar o passo com o usuário.

PORTUGUÊS

É importante estar atento ao português. Embora o inglês seja a língua dominante na rede, não é nossa língua nativa. Por isso, mais de 90% do tráfego na internet acontece dentro do país. Há uma preferência por sites de língua portuguesa.

INTERPRETAÇÃO

O webwriter pode trabalhar a notícia online agregando à instantaneidade um tratamento de colunismo, de comentário. Na rede, há um excesso de informação que o webwriter pode capturar e traduzir para o internauta. Mas é preciso muito cuidado com textos longos, por isso, usar bem os links é uma questão vital.

COMBINAÇÃO

Entre o texto jornalístico e o publicitário (predominantes na Internet) há uma linguagem escrita própria da rede que agrega estas duas características, entre outras. Quanto melhor a mistura, maior a eficiência do texto. Uma boa receita pode ser a seguinte: um texto comprometido com os fatos, com a verdade, mas com um toque muito pessoal de persuasão.

PARCERIA

Não existe webwriting sem webdesign. A palavra conteúdo vem do inglês content, que designa o conjunto de informações veiculadas via Internet, a soma entre texto e design. A harmonia entre os dois é o ideal e depende da qualidade da parceria entre o webwriter e o webdesigner.

OBJETIVIDADE

Economizar tempo é chave na rede. Vá direto ao assunto. Torne acessível a informação que o internauta procura. Use o princípio da pirâmide invertida onde a informação principal vem logo no primeiro parágrafo.

CONCISÃO

Dê preferência a textos curtos. Mas não deixe faltar informações. Se o tema abordado for complexo utilize o link, a principal ferramenta do webwriter. A habilidade em usar os links é o ponto fundamental para um texto conciso e com informações completas. Habitue-se a focar o que é estritamente relevante numa informação, lembre-se da tecnologia Wap: O tempo é curto e o espaço pequeno.

INTERATIVIDADE

É o princípio básico da rede. Converse com seu leitor. O bom texto para a Net é um convite para que o internauta participe, seja lá como for.

VISIBILIDADE

Normalmente, o internauta não lê o texto, ele escaneia o texto procurando pelo ponto chave da informação. E a poluição visual não está só nas ruas das grandes cidades. Está na Web também! O excesso de informações numa página deixa o internauta confuso e cansado. Há diversos recursos tecnológicos para resolver este problema: Home pages intermediárias, menus pull-down e banners criativos são alguns deles.

NAVEGABILIDADE

A precisão desta característica depende da qualidade da parceira entre webwriter e webdesigner. O texto não pode ser tratado como uma peça isolada numa webpage, ele deve integrar-se ao design tornando acessíveis e atraentes as informações. Assim, é muito mais fácil fisgar o visitante! A utilização correta do link é a maior responsável pela boa navegabilidade de um site. Use toda a tecnologia disponível a favor do seu texto!

ARQUITETURA

A grande ferramenta para melhorar a visibilidade de seu texto é a “Arquitetura da Informação”, ou seja, refletir sobre a melhor maneira de disponibilizar as informações num site criando um projeto adequado para organizá-las, como numa obra de cimento e tijolos. Coloque uma idéia em cada parágrafo, use títulos, subtítulos, intertítulos e sumários.

LINGUAGEM

Dê preferência à uma linguagem informal, leve, coloquial. Se puder, escreva como se estivesse conversando. Mas não tenha isto como uma regra imutável. Há casos (como em sites corporativos ou trabalhos acadêmicos) nos quais é necessário usar a forma culta ou formal.

ORTOGRAFIA

Todo mundo está te olhando. Se a sua profissão é escrever para a Internet, você pode criar neologismos e usar os jargões e gírias próprios da rede, mas não pode cometer erros gramaticais. Estude gramática!

HUMOR

O ambiente da Web é predominantemente bem humorado. Dê preferência ao texto leve, mas sem exageros. O importante é que o humor seja criativo e acima de tudo muito bem dosado.

CRIATIVIDADE

É preciso ser criativo ao redigir um texto para a Web. Pense e repense sobre a construção dos textos e como distribuí-los melhor no site. Procure soluções criativas, inove, crie, mas não viaje demais, principalmente se o assunto for conteúdo corporativo ou para intranets onde o webwriting tem características específicas.

CONCLUSÃO

Esqueça tudo que você leu até agora e aprenda a pensar... pensar... pensar... Escrever na Internet é um exercício constante de refletir sobre o conteúdo. É estar antenado o tempo todo com tudo que está acontecendo no mundo online. Não esqueça: Nada na rede é definitivo!

domingo, 9 de agosto de 2009

Recomeço

Chega uma hora na vida
em que tudo parece torto:
a música não rola,
o chope não desce,
e a cabeça não pára de rodar.

Qualquer palavra é xingamento;
a resposta ao "oi" é tchau!
Os minutos demoram a correr
e a estrada fica longa demais.
Não há luz no fim do túnel.

A poesia que antes despertava
teima em dar sono.
Os filmes da TV são repetidos.
Na agenda não há sobrenomes
e a linha está sempre vazia.

Na garganta apenas um nó
apertado pela culpa.
As entranhas contorcidas
insistem em gritar,
mas no vento não há eco.

Tô sozinho nessa imensidão.
Olho pro mundo e não vejo estrelas,
pro tempo e ele já se foi...
pra dentro e não vejo saída;
pra alma e quase desisto!

Paro pra pensar de novo.
Insisto em buscar caminhos.
Brigo com meus monstros,
me escangalho por inteiro.
No último suspiro derroto a soberba.
É hora de recomeçar!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A comunicação e o comunicador


Pensar o jornalismo moderno sem os meios eletrônicos é tarefa impossível. Não identificar a importância da imagem, da instantaneidade da internet e da velocidade em que se multiplicam as informações é perder a lógica da comunicação atual. Temos que pensar a notícia de forma integrada. Estamos cercados de meios, mas esquecendo de determinar seus fins. Esta pluralidade pode significar o estrangulamento da informação pela diversidade das mídias.

É preciso estar atento. Quando o telejornalismo surgiu no Brasil, nos idos de 50, chegamos a profetizar o fim do rádio como veículo jornalístico. Por um momento acreditamos que a divulgação de imagens poderia dar fim a comunicação verbal. Algum “vanguardista de plantão” exclamou aos quatro ventos: “a imagem diz mais que qualquer palavra”, mas para o bem da comunicação social ele estava errado e ficamos felizes em ver o surgimento das rádios all news no fim da década de 90.

O rádio é e talvez por muito tempo ainda continuará sendo o veículo de informação mais democrático da era moderna. A radiodifusão une pessoas das mais diversas raças, classes socioeconômicas e nível intelectual. O alto executivo ouve a Lúcia Hipólito, na CBN, e fica informado sobre a redução do IPI do mesmo jeitinho que seu João, um hulmide lavrador, descobre na voz do Canázio, pela AM, que agora pode comprar sua primeira geladeira porque o preço caiu.

A televisão tem sua força e seu espaço. Em tempo real nos mostra como é a vida do outro lado do mundo. Mesmo quem não sabe ler ou escrever consegue entender que na China as pessoas não usam garfos para comer macarrão, o fazem com o auxílio dos “palitinhos”. Dá até pra rir disso e ficar informado ao mesmo tempo. Também através da telinha podemos entender que a Tsunami é uma “onda do mar revoltada” que destrói tudo que vê pela frente, sem que para isso precisemos ser especialistas em meteorologia.

A imagem diz muito sim; marca momentos, locais e, por vezes, expressões impossíveis de serem narradas como a cara de um político ao ser desmascarado em rede nacional. Mas, quase sempre, precisa de complemento. A simples imagem da enchente de um rio pode ter diferentes significados. Para que seja compreendia claramente carece de apoio: é preciso localizar o fato, identificar os envolvidos, causas e consequências, seja através da locução ou da inserção de legendas. A palavra exerce seu papel de encadeadora do raciocínio em qualquer veículo. Cabe ao jornalista moderno essa “simbiose”.

Hoje vivemos a era da informação digital. Estamos cercados de portais, sites, blogs. Temos o Orkut, o Twitter, o Hi5... A cada instante recebemos um novo e-mail cheio de informações ou novas “fofocas” pelo MSN. Os scpraps estão aí! Até mesmo o celular perdeu sua função prerrogativa e agora serve como display para notícias das mais variadas. A “terceira guerra mundial” já começou e, nós comunicadores, precisamos nos armar!

Quem hoje em dia, nos grandes Centros, consegue se ver livre da internet? Nessa rede mundial é possível descobrir o mundo, entender a política, a economia, fazer pesquisas escolares, bater-papo e ainda ver as últimas gatas da Playboy. A sociedade moderna exige novas informações a todo instante e precisamos qualificá-las porque queiram os magistrados ou não, somos jornalistas por formação. Temos que alimentar a rede com notícias, números e informações de toda natureza na velocidade digital. Não temos tempo a perder!

Precisamos nos preparar. Entender que o rádio está presente no dia-a-dia da sociedade e que fala para todos os que podem ouvir, sem pedir licença! Não podemos desqualificar o veículo muito menos o ouvinte. Ao escrever "pro Rádio" lembrem-se do seu João lá do sertão da Bahia. Para ele “Redução de IPI” significa apenas que o preço da geladeira baixou. Então se faça entender!

Quando for pensar uma matéria pra TV não esqueça: tudo aquilo que pode ser mostrado não precisa ser dito! Mesmo as pessoas de raciocínio lento rapidamente entendem quando uma matéria é repetitiva, cansativa e chata. Ganhe tempo, corte palavras. Utilize mecanismos como “sobe som”, “respiro”, “insert”, “videografismo”, cartelas, etc., para dar velocidade à informação e tornar seu VT mais atraente. Se for entrar ao vivo preste atenção para não repetir aquilo que foi dito por um entrevistado. Mais ainda, não responda às suas próprias perguntas!

Ao redigir para web fique atento: por mais horas que se passe diante do computador ninguém “tem saco” para textos intermináveis. Os links e hiperlinks servem exatamente para suprir o leitor de detalhes sobre determinada matéria. Só quem realmente precisa "mergulhar" em determinado tema irá clicar ali. Portanto, seja breve: privilegie as informações mais importantes no seu texto. Na grande rede tem mais peso as informações em tempo real. Junte a isso imagens interessantes numa mesma janela utilizando plug-ins!

O jornalista que pretende sobreviver nos dias atuais precisa ser versátil, inteligente. Sagaz ao ponto de perceber as diferenças entre os veículos, suas funções, seus públicos-alvo. Só assim é possível escrever, falar e mostrar informações coerentes. Seja no rádio, na TV ou na Web só há vagas para profissionais bem "formados", informados e com facilidade de adaptação. Qualifique-se se de fato quiser fazer valer o diploma de jornalista. Caso contrário, o Gilmar Mendes terá razão!

sábado, 1 de agosto de 2009

Ultimato

Muitas vezes pecamos em acreditar que tem que vir do outro a nossa oportunidade de melhora, de crescimento. Acreditamos sempre que fizemos a nossa parte e que se tudo está errado não temos culpa. Até mesmo o Sol brilha por pura obrigação! E as tempestades, essas são culpa dos outros.

Acordamos e pedimos bênçãos para um dia melhor, mas esquecemos, sumariamente, de agradecer pelo pão de ontem. Pedimos novas oportunidades de trabalho, mas esquecemos de recordar os erros anteriores para usufruir de forma consciente daquilo que está por vir.

Sem percebermos, nos tornamos rudes, frios, duros e nada pragmáticos. Exaltamos, ainda que inconscientemente, os erros e aflições dos outros. Estiramos o dedo sobre a ferida alheia sem oferecer um antídoto contra o mal. Mas sempre que a pedra nos dói no pé pedimos colo. Assim é a vida. O cotidiano. O dia-a-dia.

Nossa visão turva nos impede de enxergar as oportunidades que estão à nossa frente. A cada esquina nos deparamos com cidadãos vendendo balas, catando recicláveis, se expressando artisticamente em troca do pão. Mas para nós que continuamos cegos, são apenas pobres coitados. Que pena, estes sim sabem o valor de arregaçar as mangas e não perdem tempo "pedindo esmolas" à espera do amanhã.

Indiferentes a causa, continuamos batendo às portas das empresas, mandando e-mails, escrevendo blogs, acessando o twitter e participando das inúmeras dinâmicas em grupo. Acordando cedo para enfrentar mais uma fila na porta do Serviço Nacional de Empregos. E o pior, depois de ter feito a mesma coisa durante os últimos tantos meses.

Todos os dias vemos manchetes versando sobre demissão nas grandes redações do país. São colegas que contribuíram anos e anos para o crescimento de jornais, revistas, rádios e TVs e que agora vão engrossar o coro dos descontentes. Centenas de profissionais que vão acordar e esperar. Mover-se, vez em quando, em direção à fila do SINE mais próximo sem qualquer perspectiva de melhora.

Vamos parar de esperar e agir. Somos comunicadores. Precisamos mostrar ao mundo que podemos mudá-lo sim, começando do nosso próprio umbigo. Vamos meter as mãos na massa. Criar nossos veículos de expressão. As oportunidades estão diante de nós, só precisamos enxergá-las.

Se não podemos escrever para os leitores do nosso Estado, então vamos colocar nossos rabiscos nos jornais de bairro. Se não nos deixam falar nas grandes AMs e FMs, então recorramos às rádios comunitárias. Se acreditamos na credibilidade de nossa imagem por que não investir nas WebTvs e nos canais fechados? Quer ser visto por milhões de pessoas? Então utilize o twitter para que te sigam através dos teus blogs e websites. Não gostou de nenhuma dessas idéias, ainda te resta uma oportunidade: torne-se assessor de imprensa e ajude a divulgar a imagem de empresas e pessoas nestas mesmas mídias.

Colegas: precisamos nos mexer! Acabaram de rasgar nosso DIPLOMA, mas não conseguiram nos tirar o conhecimento. Esse é só nosso e podemos ainda comercializá-lo. Não há mais exigência do curso superior para exercício do jornalismo, mas é preciso estar preparado. Olhe aí mais uma oportunidade: vamos preparar os novos “jornalistas”. Que tal vendermos nosso conhecimento?

O importante é parar de esperar que tracem o nosso caminho. Vamos pôr o pé na estrada. Lutar pela nossa vida, gente! Se for preciso, vamos pra rua catar papelão, Pets, alumínio, ferro... Dançar, cantar, recitar poesias nas praças. Vender pamonha, refrigerante e pipoca nos sinais. Ou então, deixar a preguiça e o comodismo de lado e fazer jornalismo de verdade e independente! A escolha é nossa!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Conclusão da oficina de telejornalismo ministrada por Robson Fraga


Joyce Trindade, Rosária Farage, PC Jr., Robson Fraga, Marco Aurélio,
Laila Wajntraub, Diogo Moraes e Claudia Magalhães

Chegamos ao final de mais um curso prático de Telejornalismo, no Rio de Janeiro; desta vez coordenado pela Rio Press. Durante 11h/aula, pudemos relembrar uma parte da história do telejornalismo, discutir pautas, pesquisa e ética. Treinamos técnicas de entrevista, impostação de voz, redação e locução para telejornal, além da construção de video-tapes e entradas ao vivo. Vivemos intensamente os desafios da reportagem. Cada aluno gravou dois VTs que podem ser apresentados como portfólio.

Acredito que alcançamos êxito e cumprimos nossos objetivos. Fico feliz em saber que ao lado do cinegrafista Marco Aurélio pude contribuir para a formação destes novos profissionais do jornalismo carioca e confirmar ainda mais a necessidade da formação profissional. Veja o que alguns alunos acharam do curso:

- Quero muito trabalhar; construir minha carreira nesta área do telejornalismo. Espero chegar lá um dia. Já fiz curso de telejornalismo na Escola de Rádio, com o Guilherme Cardoso (um dos apresentadores do EM CIMA DA HORA, da Globo News). Foi muito bom, aprendi bastante! Com vc foi um reaprendizado excelente, Diogo Moraes.

- Achei você um excelente professor; aquele que sabe fazer, conhece bem o assunto e sabe transmitir. Acredito que pode continuar esse trabalho sem medo de ser feliz, Rosária Farage.

- Bom, quanto ao curso de telejornalismo gostei muito. Acredito que o embasamento teórico do primeiro dia foi essencial para que pudéssemos desempenhar bem as atividades práticas. Teria gostado ainda mais se o curso fosse mais longo, para que houvesse oportunidade de produzir mais de uma reportagem, afim de não cometer os erros cometidos na primeira. É isso. Grande abraço e até a próxima, Sabrina Onzi.

- Parabéns, Robson. As aulas fizeram com que eu tivesse mais sede em conhecer o telejornalismo. Adorei!!!!, Paulo Cézar Junior.

- Gostei muito do curso. Foi um pouco difícil porque não sou nem jornalista nem estudante, mas aprendi coisas importantes de postura, impostação de voz e técnicas de reportagem que não fazia idéia que existia. Não entendo como podem ter tirado a exigência do diploma, não dá pra sair por aí dizendo que é jornalista só da boca pra fora.Tem muita coisa que aprender em sala de aula e se eu tinha alguma dúvida da importância de um diploma emoldurado na parede se dissipou nessas três noites que passamos juntos. Foi muito bom, pena que foi tão pouco tempo. Achei sua didática muito boa, Claudia Magalhães.




Diogo Moraes, Rosária Farage, PC Jr., Robson Fraga,
Marco Aurélio e Laila Wajntraub


Marco Auréilo, Robson Fraga, Rosária Farage e Laila Wajntraub


Marco Aurélio, PC Jr., Rosária Farage


Marco Aurélio e Laila Wajntraub


Marco Aurélio e Joyce Trindade


Marco Aurélio e Claudia Magalhães


Marco Aurélio, Robson Fraga e Claudia Magalhães

Robson Fraga e Marco Aurélio