quinta-feira, 18 de agosto de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A falência da segurança pública

A polícia apresenta suas armas: escudos, cassetetes, pistolas, viaturas e brasões... Mas estas são poucas e ineficazes para resolver os problemas de segurança pública de capitais como Cuiabá. Uma cidade de população heterogenea formada por egressos de vários estados da federação e de países fronteiriços onde a produção e o tráfico de drogas são emergentes e contribuem para a desagregação social dos vizinhos.

É sabido que na capital mato-grossense a venda e o consumo de pasta base de cocaína vinda da Bolívia crescem a cada dia. Menores estão dando suas vidas em troca de migalhas salvaguardando os verdadeiros traficantes. As polícias nada podem fazer com seus 'instrumentos de guerrilha' porque as leis impedem a penalização de menores e usuários. Portanto, os malfeitores se aproveitam das regras, enriquecem, se safam e destróem a infância, a juventude e as famílias sem qualquer culpa. Enquanto houver consumidores haverá tráfico.

Políticas de aproximação das polícias, dos organismos de segurança pública, das organizações sociais, ONGs e OCIPs com a sociedade talvez sejam a melhor saída, visto que informação e apoio social e psicólógico sempre surtem bons resultados. Fóruns envolvendo todos estes atores sociais para discutir problemas e propor soluções devem ser criados com maior intensidade e na velocidade que o problema cobra.

Em Cuiabá, estão reunidos os tomadores de decisões e parte dos envolvidos no problema visando a criação da nova política de segurança pública a ser implementada entre os anos de 2012 e 2015, e que deverá ser inserida na LOA e no PPA. Mas isso não basta.

A violência também começa quando aparecem fantasmas como a falta de educação, cultura, lazer, trabalho e emprego. O jovem que não estuda preenche o tempo livre nas ruas, com más companhias e informações vis que o levam ao ganho de capital fácil e a ilusória sensação de poder e impunidade. O pai de família desempregado, sem qualificação e à margem da sociedade, também corre o risco de buscar neste universo cruel o pão de cada dia. Quando isso acontece e ele por ventura é apanhado, cai dentro de um sistema reeducador falido que ao invés de recuperar o cidadão o transforma num marginal cada vez mais nocivo a sociedade.

Segurança pública se faz com política social justa, polícias cidadãs, policiamento comunitário, trabalho e renda; educação, esporte, cultura e lazer. Enfim, oportunidades! Experimentemos pegar um 'moleque' de cinco anos e oferecer a ele estudo de qualidade, acesso aos canais de cultura, lazer, entretenimento; bons livros, cursos de aperfeiçoamento cultural e informação. Aos 17 anos, certamente o veremos disputar vagas nas melhores universidades do país. Aos 22, 23, recebendo seu canudo e aos 25 ingressando em um curso de especialização profissional que melhor lhe convier ao invés de neste mesmo período vermos sua família chorar sobre uma lápide onde jaz um ex-moleque de rua à hora marginal morto.

domingo, 13 de março de 2011

Neri Geller mal entrou e já é o deputado que mais gasta dinheiro público na Câmara

O deputado federal Neri Geller (PP) é o parlamentar mato-grossense que mais gastou a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), também conhecida por verba indenizatória, no primeiro mês de atividades parlamentares da atual legislatura. O progressista gastou R$ 25.502,78 durante o mês de fevereiro. As informações são do próprio site da Câmara dos Deputados.

Mas o que chama atenção é o fato de Geller ter gasto mais de R$ 20 mil apenas com transporte aéreo. Só a empresa Araruna Turismo Ecológico emitiu em uma única viagem no nome do deputado um bilhete no valor de R$ 19,9 mil, no dia 9 de fevereiro.

O trecho percorrido por Geller teria sido Cuiabá/Pontes e Lacerda/Cuiabá/Cáceres/Juína/Cuiabá/São Félix do Araguaia/Lucas do Rio Verde/Cuiabá.

Apesar de ter emitido um bilhete de passagem que o levaria de Lucas do Rio Verde até Cuiabá, no mesmo dia 9 de fevereiro, o parlamentar emitiu uma passagem em seu nome também, por uma empresa diferente, a América do Sul Táxi Aéreo, com o mesmo trecho, no valor de R$ 428.

Além disso, o progressista gastou durante todo o mês R$ 4.500 com gasolina. Mas o curioso é que este dinheiro foi gasto somente em um dia e em um único posto, o Renascença Auto Posto.

Geller foi eleito suplente de deputado federal nas eleições estaduais do ano passado. Com a ida de Eliene Lima, também do PP, para a Secretaria Estadual de Ciências e Tecnologia, Geller assumiu uma vaga na Câmara Federal.

Hoje o salário de um deputado federal é de R$ 16.512,09. Além disso, os parlamentares têm uma verba de R$ 60 mil para contratação de funcionários. Os deputados por Mato Grosso recebem também mais de R$ 29 mil para a Cota para Exercício de Atividade Parlamentar, que servem no auxílio a hospedagem, refeição, combustíveis e consultorias, dentre tantas outras funções.

A bancada de Mato Grosso na Câmara Federal é formada ainda pelos deputados Carlos Bezerra (PMDB), Wellington Fagundes (PR), Homero Pereira (PR), Valtenir Pereira (PSB), Júlio Campos (DEM), Roberto Dorner (PP) e Ságuas Moraes (PT).

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tempos Modernos

Está difícil saber quem tem razão: os camelôs, que lotam as ruas e calçadas do país com seus produtos piratas e contrabandeados do Paraguai; a Polícia Militar que diz não ser omissa, mas age de forma truculenta e usa a ‘porrada’ como instrumento de regulação; a população que compra vorazmente estes produtos ou os governos que fecham os olhos para o problema do desemprego e aceitam, por baixo dos panos, o contrabando de CDs, DVDs e eletroeletrônicos que são comercializados todos os dias nas ruas.

Estes últimos são os piores porque com a permissão subsidiada no medo da perda de votos fecham os olhos para a ‘podridão’ sob a idéia de que ‘é melhor manter os trabalhadores Na informalidade do que criar potenciais bandidos’, mas que de hora para outra manda a PM baixar o cacete nestes mesmos eleitores.

Contudo, temos ainda que queimar os miolos tentando entender porque a população que reclama da obstrução dos passeios públicos é a mesma que movimenta o comércio ilegal a cada dia que deixa de comprar um DVD original por R$ 20 e compra três piratas por R$ 10 sem se importar com a qualidade, com o desemprego gerado nas produtoras, gravadoras, no comércio e em toda a cadeia produtiva.

Temos ainda os ‘homens da Lei’ que obrigam os trabalhadores informais a “pedirem pra sair”, mas de onde: do sub-emprego, da miséria, da fome, da marginalidade, da opressão, da guerra pelo pão, das filas do Serviço Nacional de Emprego - que só apresenta vagas para os “preparados”, mas esquece de dar acesso à qualificação para todos? A PM cumpre ordens, mas, despreparada, usa a força para fazer valer seu alto tom de voz, já que a justiça é cega, surda e muda.

Num país onde a fome, a falta de saúde e de educação imperam fica difícil encontrar e separar culpados de inocentes. Todos por aqui têm culpa e são vítimas de todo este processo. Não temos, nós cidadãos, como oferecer vagas de emprego porque nem mesmo conseguimos formalizar micro e pequenas empresas com facilidade como em outros países; e são estas as primeiras e maiores portas de trabalho formal. E ainda assim, sem dar nem mesmo ‘a vara para pescar’ cobramos dos humilhados o peixe grande e saboroso.

Os informais querem trabalhar e não pedir esmolas, mas não querem usar o tempo que sobra para estudar nos poucos cursos gratuitos oferecidos pelos governos ou nos demais oferecidos por organizações não-governamentais. Sempre há uma desculpa: cansaço, falta de grana, de tempo, de vontade, falta de acessibilidade, de informação... É mais fácil pedir dinheiro emprestado para comprar uma passagem de ônibus para o Paraguai e trazer muamba do que pedir um vale-transporte para ir à escola! Afinal de contas, ser ‘coitado’ no Brasil rende pelo menos esmolas no sinais de trânsito e restos de comida nas portas dos mais ricos.

Enquanto for assim, vamos continuar vivendo esta tríade: miseráveis, opressores e governantes. E nesta batalha, os de ‘colarinho branco’ continuarão dominando a roda da fortuna. Afinal de contas, deixar vender ‘o que for’ nas ruas dá voto; mandar bater também, e pedir desculpas mais ainda!

*Robson Fraga é jornalista da TV Rondon (SBT), em Cuiabá - MT.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sustentabilidade é a palavra de ordem para a Unimed Cuiabá


O desenvolvimento sustentável continua sendo uma pedra no sapato dos governantes e presidentes de empresas. Afinal de contas é possível crescer e se desenvolver economicamente sem causar prejuízos ambientais?

Quando se pensa no desenvolvimento de uma cidade tem que se levar em conta três pilares importantes: infra-estrutura, comércio e indústria. É impossível para um município como Cuiabá, por exemplo, com cerca de 3 milhões de habitantes, gerar emprego e renda sem que um pólo industrial seja instalado. O economista Fabiano Frata defende a tese de que não adianta apenas produzir grãos e investir na pecuária porque é preciso qualificar e empregar a mão-de-obra local para atender a demanda, aumentar o consumo e gerar renda. A questão é: como fazer isso sem agredir o meio ambiente?

"É um grande engodo acreditar que a preocupação ambiental possa se sobrepor aos interesses econômicos de forma imediata. Quando se fala em indústria, principalmente, isso fica evidente. Se o empresário tem uma área de 50 mil hectares que possa ser desmatada para produzir cana e transformar em Etanol ele faz isso sem pensar em outra coisa que não a renda que será gerada. Embora traga prejuízos ao meio ambiente ele gera emprego, renda, paga impostos... Enfim, ajuda no desenvolvimento sócio-econômico da cidade onde está instalado. E qual governante não quer isso?", pergunta.

Em contraponto, o ecologista Abel Nacimento garante: sem sustentabilidade a vida ficará mais difícil a cada dia. Vão faltar recursos naturais como ar puro, água limpa, proteínas, vegetais e minerais para as próximas gerações e sem gente não há economia que sobreviva.

"Núimeros da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que vivem hoje no planeta cerca de 6,9 bilhões de pessoas, quando a capacidade média de vida sustentável na terra é de aproximadamente 4 bilhões. É preciso encontrar um equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento territorial para que a natureza faça sua parte", explica Abel.

De acordo com a ONU, desenvolvimento sustentável significa utilização dos recursos naturais de forma plena sem prejuízo as gerações futuras. Tema que foi debatido durante a ECO 92, no ano de 1992, no Rio de Janeiro, com chefes de estado de vários países. Naquele encontro, todos assinaram um acordo para diminuir a emissão de gases que causam o efeito estufa, despoluir rios, lagos e lagoas, replantar árvores e garantir o sequestro de carbono. Muitos trabalham para isso, mas outros como os Estados Unidos e até o Brasil não estão fazendo o dever de casa.

"É possivel sim desmatar e gerar progresso desde que se replante as áreas verdes. As indústrias são necessárias, mas o oxigênio é fundamental à vida. Se vamos derrubar 1000 árvores, precisamos replantar pelo menos 2 mil. É fácil progredir e garantir a vida. Por que jogar esgoto in natura nos nossos manaciais, porque não tratá-los? Quem ganha com isso? Mesmo os empresários vão sofrer as consequências do clima e da revolta da natureza. Precisamos pensar o verde para garantirmos a vida", concluiu Abel Nascimento.

Unimed ganha Selo Verde

A polêmica continua e encontrar o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e ambiental é uma discusão que ainda vai mexer com a cabeça de muita gente por aí. Mas já há empresas garantindo seu crescimento sócio-econômico e preservando a natureza. É o caso da Unimed Cuiabá: a primeira no brasil a neutralizar 100% do carbono produzido. A empresa decidiu investir na preservação ambiental como forma de melhorar a qualidade de vida na terra e agregar valor aos seus produtos e serviços. O prmeiro passo foi determinar a utilização de 100% de papéis recicláveis. Depois veio a eliminação dos copinhos descartáveis, a economia de água e a redução no consumo de luz. Aos poucos, a empresa foi criando nos seus mais de 600 colaboradores a chamada consciência ambiental.

Mais tarde, a diretoria decidiu eliminar em 100% a emissão de carbono produzida pelos carros de clientes e colaboradores que utlizam o estacionamento da sede em Cuiabá. Medidas simples, mas fundamentais para agregar valor ao negócio do grupo e melhorar a qualidade de vida de todos. O projeto custou apenas R$ 25 mil para a empresa.

"Nâo tem mais porque deixar de pensar no meio ambiente. Sustentabilidade é palavra de ordem. Os recursos naturais são finitos e estão se esgotando a cada dia. Se podemos usar copos de vidro e lavá-los para reutilizar por que não fazer isso? Por que não dar preferência aos papéis reciclavéis, diminuir o consumo de água e usar a energia elétrica de forma racional? Com estas medidas economizamos dinheiro, tempo e ainda geramos qualidade de vida para todos. A empresa não perde nada só ganha", explica a coordenadora do projeto Maria Alice.

O projeto chamou a atenção de ambientalistas. Ano passado, a Unimed Cuiabá recebeu o Selo Verde Elcoméia que certifica as empresas preocupadas com desenvolvimento sustentável. A cooperativa participa, ainda, o projeto Verde Rio que até 2020 vai recuperar toda a mata ciliar dos 3 principais rios de Mato Grosso. Já plantou 2.550 árvores e desenvolve a educação ambiental em comunidades carentes.