De quem é a responsabilidade por evitar o envolvimento de menores com o crime? Da sociedade, das polícias, do poder judiciário, do ministério público ou da própria família? Uma pergunta difícil de responder, já que cabe a toda sociedade organizada cuidar de seus meninos e meninas. A garantia de acesso a moradia, alimentação, educação, esporte, cultura, carinho, educação e respeito deve ser pactuada.
Os primeiros gestos, toques, palavras e cuidados que vão impregnar a mente da criança devem partir da família. São eles que vão determinar as regras de convívio e moldar o comportamento, a expressão e o respeito próprio e ao próximo. De nada adiantará dizer o que é certo ou errado se dentro de casa houver agressões verbais ou físicas. Se a prostituição do corpo ou das ideias forem comuns. Se a corrupção for a estratégia para o crescimento financeiro familiar. Se a banalização das instituições fizer parte do dia-a-dia.
Se quisermos evitar que nossos jovens encontrem no crime um meio de vida ou amparo social precisaremos resgatar a família, desenvolver a cidadania e a democracia social. Forjar o caráter na ética e na hombridade a fim de que estejam preparados para dizer não às ofertas vis que o mundo aponta. Perceber que as conversas e brincadeiras em família ou entre amigos entretém muito mais que programas de TV ou vídeos de origem duvidosa expostos nas mídias/redes sociais. Não há outra escolha: só a educação livra o homem do crime.
Neste contexto, também precisamos cobrar do estado que assuma suas responsabilidades e garanta educação formal, saúde, trabalho, poder de compra e segurança pública. Da sociedade, o acompanhamento constante dos atos praticados por seus representantes legitimamente eleitos e a denúncia de cada ato de corrupção. Do ministério público que investigue as denúncias e as comunique ao judiciário que tem a obrigação de punir todo e qualquer infrator com o rigor da lei sem se importar com classe social, grau de parentesco, cor da pele ou nível de escolaridade.
Precisamos de um ambiente limpo, democrático, próspero e de oportunidades iguais para todos. Só assim será possível colocar ponto final na corrupção e no banditismo que têm assolado o país e nos deixado viver esta constante sensação impotência perante as injustiças sociais e à insegurança pública. A formação de trabalhadores é responsabilidade da família e do estado. A criação de delinquentes e bandidos também. Cabe a cada um de nós escolher o melhor método para definir a sociedade em que queremos viver.
Contudo,querido amigo, as coisas, hoje, são mais ou menos assim...
ResponderExcluirConjugando desigualdade
Nos é ensinado assim:
Eu sou a autoridade e com a minha pistola na mão digo que
Tu é vagabundo, pivete, semente do mal, fa-ve-la-do do caralho! Ele sim, tu tá veno?
Ele é trabalhador. Homem bom. Deu emprego pra muita gente ai, na eleição passada.
Nós somos cidadãos de bem. Guardiões da moral e da ordem. Não somos como vocês: baderneiros, barulhentos, dançadores de funk... Música do inferno.
“- Cabo Silva, pode levar esses merda ai tudo. São tudo bandido e acabo”.
O presente é indicativo da intolerância
Do preconceito radicado em nossa cultura
Num pretérito imperfeito da nossa história.
História que nos ensina a conjugar adjetivos
Malditos
De realidades que queremos,
Mas que não sabemos
Ao certo
Como comutar
Ou não queremos... Não sei.
É que alguns de nós
Dos seres periféricos
Deixaram-se vender sem perceber
E apesar de crerem estar normativamente
Errada a forma como nos é imposto
O breviário das coisas dos nossos dias
Repetem em alta voz
O discurso alheio,
O do “cidadão de bem”;
Ainda que a estranheza dessa fala
Corroa-lhe por dentro.
O futuro do nosso presente
Apenas se tornará um simples
Presente perfeito
Composto, dentre outras coisas,
De igualdades de direitos
Quando, enfim,
Aprendermos a conjugar o verbo
Lutar!
Enquanto isso,
Qualquer devagar
Não passará mais que
Um suspirar poético de um pensar
Antigo e fresco
Do insistente querer de justiça.
Nada mais.
Adriana Kairos