sexta-feira, 3 de julho de 2009

A educação e a questão dos métodos


Já não é de hoje que procuramos desculpas para os baixos índices de qualidade aferidos na educação nacional. Há anos se fala da falta de qualificação do professor e nada se faz para mudar a situação. Questões relativas ao salário pago, quase que irrisório, são temas de debates em toda a América Latina e nenhuma solução definitiva é apontada e executada.

Também virou lugar comum apontar o dedo em direção à carga horária de aula, trazendo como válvula de escape a jornada integral para o aluno. Eba! Vamos dar a eles alimentos três vezes ao dia, esporte, lazer, etc. Ah, esquecemos que precisamos dar livros também. Pior, antes temos de ensinar o aluno a ler! Ih, mas isso dá muito trabalho e também educa! Como as velhas raposas vão continuar no poder?

O problema da educação passa, primeiramente, pela deficiência do método. Não adianta mais insistirmos em utilizar com os alunos da zona rural as mesmas técnicas ofertadas nas grandes capitais, por exemplo. É preciso atentar, como disse o velho e saudoso Darcy Ribeiro, aos regionalismos. Porque dizer que está errado pronunciar “eu vou mais ela” em lugar de “eu vou com ela”? Os dois não vão juntos, não é uma adição?

Precisamos dar alimentos aos que tem fome de comida, mas saciar, antes, a fome de cultura. Aprender ensinado, como disse Cora Coralina. Temos de entender que um piso nacional para professores dignificará o trabalhador sim, mas não garantirá educação de qualidade porque dependendo da região onde atua o professor esta gratificação não será capaz, sequer, de custear sua requalificação. Quiçá, conseguirá um colega mais distante conhecer Darcy, Cora, Paulo Freire, Machado e Eça de Queiroz.

Um estudo apresentado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, há dez anos atrás, na Câmara Federal, pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, indicou que o Brasil precisaria investir 5,3% do PIB para garantir uma educação de qualidade. Valor definido a partir de um levantamento elaborado em 2002 que revelava necessidade de se investir anualmente entre R$ 1.714 a R$ 4.140 por aluno, dependendo da série em que estivesse matriculado. Mas até agora continuamos aplicando diretamente aproximadamente R$ 900 por aluno nas regiões interioranas do Brasil. Até quando vamos continuar errando?

Naquela época, a coordenadora do estudo, Denise Carreira, propôs que o indicador servisse de referência para regulamentação do Fundeb que hoje já deixou de ser apenas um sonho. O novo fundo propõe uma gratificação mínima de R$ 1000 aos professores do ensino fundamental em todo o Brasil, o que segundo os educadores ajudaria a motivá-los a mudar o quadro horrendo da educação nacional. Além, disso, sugere que o investimento por aluno fique na casa de R$ 1.500, o que dignificaria a educação com investimentos em materiais, laboratórios e práticas extracurriculares. Agora, resta esperar que os homens de colarinho branco que comandam a educação nacional tomam vergonha e passem a perceber que cidadãos bem formados mudam a cara de um país subdesenvolvido que há anos espera que o futuro chegue mais cedo. Temos a faca e o queijo nas mãos. Precisamos apenas cortá-lo!

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