- O comédia tá doido pra perder o celular.
- Quer aparecer!
- Já já vem um doído e acaba com a onda dele.
Ouvi essa conversa quando chegava à escola pra buscar meu filho. Partia de dois meninos criticando a atitude de um colega que simplesmente falava ao celular na calçada à vista de qualquer um. Ele usava um desses aparelhos modernos que parecem pé de fruta e já vem com uma maçã! Não parecia ter qualquer pretensão de usurpar olhares, mas já havia virado motivo de chacota. Talvez porque o sonho de consumo de seus críticos seja possuir um brinquedinho igual, que além facilitar a comunicação funciona praticamente como minicomputador.
A situação anda tão feia no Rio de Janeiro que ninguém mais pode usar seus objetos sem medo, pensei; achando que era essa também a preocupação dos meninos. Mas, logo percebi que estava errado quando cheguei mais perto e pude ouvir o fundo musical de toda aquela crítica. Em seus aparelhos menos vistosos, mas também potentes, os manos se deliciavam ao som dos “novos pensadores brasileiros.”
Olhei pro espelho e preparei um plano
Sonhar, nunca desistir
Ter fé, pois fácil não é, nem vai ser
Tentar até se esgotar suas forças
Se hoje eu tenho eu quero dividir
Ostentar pra esperança levar e o mundo sorrir
Caramba, devo estar velho. Na minha época “levar esperança” não tinha nada a ver com ostentação. Acompanhar a trajetória de um menino pobre que consegue superar as adversidades e se formar na universidade, muitas vezes como o primeiro graduado de sua família, isso sim nos fazia acreditar em dias melhores.
O fato é que as coisas mudaram. Os jovens mudaram. As famílias mudaram e os valores foram deixados de lado. Minha avó, professora por mais de trinta anos, costumava dizer que a tarefa da escola é alfabetizar a criança e estimular o jovem através de atividades pedagógicas e do raciocínio lógico a adquirir conhecimento pra que quando adulto esteja preparado pra decidir o que fazer da vida. Mas, mais importante que isso, cabe à família educar seus filhos através de exemplos e da vigilância.
Uma criança criada numa casa onde há diálogo e estímulo à leitura... onde se ouve boa música, se vê bons filmes e programas de qualidade... onde se discute política, comportamento e relacionamento social... onde se fala de tudo, absolutamente tudo, e se põe regras e limites terá maiores chances de se tornar um jovem crítico e de bom convício social. Certamente este indivíduo não fará da ostentação uma filosofia como querem os MCs por eles idolatrados hoje.
É preciso trazer discussões como sexo, drogas, dinheiro, desemprego, violência, educação, respeito ao próximo, amor próprio, religião, importância dos estudos e do trabalho pra roda de conversa com os filhos. Conceitos de segurança púbica e responsabilidade social. Estamos forjando cidadãos e não esculpindo estátuas.
- Quer aparecer!
- Já já vem um doído e acaba com a onda dele.
Ouvi essa conversa quando chegava à escola pra buscar meu filho. Partia de dois meninos criticando a atitude de um colega que simplesmente falava ao celular na calçada à vista de qualquer um. Ele usava um desses aparelhos modernos que parecem pé de fruta e já vem com uma maçã! Não parecia ter qualquer pretensão de usurpar olhares, mas já havia virado motivo de chacota. Talvez porque o sonho de consumo de seus críticos seja possuir um brinquedinho igual, que além facilitar a comunicação funciona praticamente como minicomputador.

Olhei pro espelho e preparei um plano
Cordão de ouro pesado
Rolex tenho sobrando
No meu guarda-roupa uma coleção de kit's
Só estampa de marca parece uma loja de griff
Entrei na minha garagem puro conforto das naves
Bmw-X6 e uma linda maserati
Mais que bela visãodo Ap do Guarujá
A vida agora é Vip com a lancha de 3 andar
Meu Deus, que porcaria, sussurrei tentando entender o que se passa na cabeça dos jovens de hoje. E enquanto esperava meu filho dar as caras consegui prestar atenção ao refrão de outra maravilha que, ainda por cima, tinha a pretensão de soar como poesia:
Rolex tenho sobrando
No meu guarda-roupa uma coleção de kit's
Só estampa de marca parece uma loja de griff
Entrei na minha garagem puro conforto das naves
Bmw-X6 e uma linda maserati
Mais que bela visãodo Ap do Guarujá
A vida agora é Vip com a lancha de 3 andar
Meu Deus, que porcaria, sussurrei tentando entender o que se passa na cabeça dos jovens de hoje. E enquanto esperava meu filho dar as caras consegui prestar atenção ao refrão de outra maravilha que, ainda por cima, tinha a pretensão de soar como poesia:

Ter fé, pois fácil não é, nem vai ser
Tentar até se esgotar suas forças
Se hoje eu tenho eu quero dividir
Ostentar pra esperança levar e o mundo sorrir
Caramba, devo estar velho. Na minha época “levar esperança” não tinha nada a ver com ostentação. Acompanhar a trajetória de um menino pobre que consegue superar as adversidades e se formar na universidade, muitas vezes como o primeiro graduado de sua família, isso sim nos fazia acreditar em dias melhores.
O fato é que as coisas mudaram. Os jovens mudaram. As famílias mudaram e os valores foram deixados de lado. Minha avó, professora por mais de trinta anos, costumava dizer que a tarefa da escola é alfabetizar a criança e estimular o jovem através de atividades pedagógicas e do raciocínio lógico a adquirir conhecimento pra que quando adulto esteja preparado pra decidir o que fazer da vida. Mas, mais importante que isso, cabe à família educar seus filhos através de exemplos e da vigilância.
Uma criança criada numa casa onde há diálogo e estímulo à leitura... onde se ouve boa música, se vê bons filmes e programas de qualidade... onde se discute política, comportamento e relacionamento social... onde se fala de tudo, absolutamente tudo, e se põe regras e limites terá maiores chances de se tornar um jovem crítico e de bom convício social. Certamente este indivíduo não fará da ostentação uma filosofia como querem os MCs por eles idolatrados hoje.
É preciso trazer discussões como sexo, drogas, dinheiro, desemprego, violência, educação, respeito ao próximo, amor próprio, religião, importância dos estudos e do trabalho pra roda de conversa com os filhos. Conceitos de segurança púbica e responsabilidade social. Estamos forjando cidadãos e não esculpindo estátuas.
Lares desajustados onde não há qualquer tipo regra e o crescimento das crianças corre a gosto do freguês inibem o senso crítico e permitem amizades perigosas e escolhas equivocadas. Infelizmente, muitas famílias estão deixando pras escolas e pro mundo à educação de seus filhos. E nesta inversão de papéis produzindo meninos e meninas mais atentos à ostentação que preocupados com a sociedade em que vivem.
Em outros tempos, penso que ao invés de criticarem o colega que ostentava um celular caro no meio da rua aqueles meninos, da escola do meu filho, teriam aconselhado o rapaz a usar seu telefone apenas em ambientes seguros, como o pátio do colégio para autoproteção. Mas, como estou ficando velho, talvez esteja enganado. Será?
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