Tudo parecia perfeito não fosse aquele brutamontes com seu PitBull se achando o dono do pedaço. Mal coloquei os pés a areia e a primeira
surpresa: uma bomba deixada pelo monstro de quatro patas. Não sabia quem era
mais desatento: o quadrúpede ou o animal que o cria.
O Arpoador de areias claras e ondas maliciosas já não era
mais o mesmo; nem de longe lembrava o paraíso da minha infância! Naquela época,
sempre que chegava à orla era recebido com a música do vendedor de Mate "olha o mate, Mate Leão", os
gritos do homem do picolé "olha ae o picolé... ô gelado!" e pelos insistentes chamados do Carlinhos do Queijo Coalho
tentando convencer meu pai a matar a fome e os desejos da garotada "ô seu Cezar, os menino tá com água na boca!". A criançada
se divertia jogando bola e construindo seus castelinhos de areia. Já os
marmanjos... Esses passavam o tempo praticando uma especialidade carioca: analisar
a mulherada!
Hoje está tudo diferente. O cheiro do camarão na brasa deu
lugar ao da urina dos bêbados apressados e dos cães desavisados que usam a praia como sanitário. A criançada não arreda os pés de perto dos pais isoladas
em seus mundinhos virtuais. A conversa tranquila deu lugar à preocupação com os arrastões
agora tão comuns. Nem parece que estamos naquela cidade que um dia pôde se orgulhar de ser chamada de maravilhosa!
Se meu pai estivesse vivo certamente iria reclamar. Ele que
sempre gostou de correr com os pés molhados hoje teria de tomar cuidado pra não
cortá-los nas garrafas esquecidas na areia. Ambientalista engajado certamente
denunciaria a prefeitura por tamanho descaso: ora, onde já se viu manchar um
cartão postal com restos de comida, lixo e falta de vontade política? Ainda bem
que o velho Cezar descansou: ele não aguentaria ver seu Rio assim.
Nos dias de hoje vale mais à pena ficar em casa. Rio Maravilha só nas canções do Jobim ou nas telas da TV.
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